paz


32Último dia de janeiro, sábado, o segundo fim-de-semana sozinha com elas. Mantenho o aquecedor ligado, as velas acesas, evito tropeçar nos livros e brinquedos espalhados pelo chão da sala. Qualquer plano de sentar-me a trabalhar, pagar contas ou colocar a burocracia em dia é inviabilizado pelo sono intermitente da pequena Camila. Não insisto. Não perco a paciência. Será fome? Pego no colo. Volto a amamentar. Volto a adormecê-la. Tenho todo o tempo do mundo.

 

Estico as pernas na chaise longue, reparo no tecido rabiscado pela Constança ontem, safada, e lamento. Um zapping distraído, a televisão em surdina, talvez veja um filme, mais tarde. Ou então me sente a escrever. A ler alguma coisa que não sejam e-mails de trabalho. A pesquisar uma pousada charmosa numa praia qualquer. Sonho acordada com umas férias a quatro num país da América Latina. Desejo que aconteçam rápido.

 

No quarto, a Constança dorme a sesta. Ao fins-de-semana dorme tanto, esta miúda. Daqui a pouco vai acordar e pedir croquetes ou bicos de pato. Saio para a varanda, encho o peito de ar, ouço a chuva cair. Paro um pouco para pensar. Continuo sem encontrar a resposta para as tantas perguntas, continuo sem terminar as tarefas da lista que carrego comigo. Mas hoje preferi estar assim: em paz. Bom fim-de-semana.

 

[as flores do meu quarto * fotografia por Alexandra Carvalho]


Um comentário a “paz”

  1. Adoro!
    Identifico me com tudo o que escreve. E os textos fazem sentir me melhor. Mais feliz! Com mais esperanca de que tudo vai correr bem. Faz me sonhar e ter vontade de viver! ADORO!

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