os primeiros dias [e a minha mãe]


A chegada. Aterrámos na sexta ao fim da manhã. Estafadíssimas. Eu quase de direta, a Camila muito constipada, a Constança ensonada mas contente por andar outra vez de avião.

A minha mãe veio connosco. Veio para ajudar na viagem, a instalar, a organizar a casa, as roupas e acompanhar as miúdas no primeiro dia do colégio. Recordo com toda a clareza a última vez que fez isto: não foi quando nasceu a Constança, nem quando nasceu a Camila e eu fiquei sozinha com as duas; foi na minha entrada na faculdade, ainda não tinha 18 anos. Estou a ver-nos: cidade nova, apartamento alugado para dividir com outras raparigas e eu entre o assustada e o muito entusiasmada com a ideia de liberdade. Estou a vê-la: a ir ao Carrefour comprar-me toalhas e panelas, a fazer-me a cama de lavado, a dar-me as mesmas indicações na cozinha ou na lavandaria. Parece impossível que já tenham passado 20 anos. Quem tem mãe tem, de facto, muito.

A minha mãe foi ontem embora. O Bernardo voltou à rotina do trabalho. As miúdas estrearam-se no colégio. Eu abri o computador e tentei trabalhar. Agora sim, a aventura vai começar.


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