uma casa [e um quarto] só para mim


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Tenho a casa por minha conta. O sofá, o comando, as almofadas, a casa-de-banho, tudo só para mim.

Não há por aqui pessoas pequeninas a interromper o duche ou o sono, não há braços atravessados na cama. Há um silêncio permanente e as coisas no seu devido lugar.

Sabem-me bem estas escapadas, confesso, e sei que me irão saber ainda melhor quando aprender a não encher os dias que cá passo das oito à meia-noite, quando souber dizer não com mais frequência e veemência, quando admitir que também eu preciso, e muito, da minha atenção.

Mas apesar do cansaço e do sono, é deitada nesta cama imaculada, totalmente por minha conta que agora escrevo e partilho mais umas imagens nossa casa, desta vez do nosso quarto.

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O nosso quarto é grande, uma das maiores divisões desta casa, cheio de luz.

Há uns anos, num projeto de decoração totalmente ao lado, mandei fazer umas cortinas castanhas e pintar as paredes de café com leite. Detestei o efeito, parecia um quarto de hotel, escuro, nada a ver comigo. Então voltei ao branco nas paredes e nas cortinas, estas do Ikea a um décimo do preço, reciclando parte do tecido na cabeceira da cama.

As arcas, que servem de mesinhas de cabeceira, têm um metro de largura e é nelas que guardo livros e as revistas de coleção. A arca verde foi encontrada no sótão desta casa, a arca vermelha veio da arrecadação da minha avó materna. São das minhas peças favoritas, forradas com uma chita antiga, bem bonita. Um dia hei-de dar-lhes uma utilização diferente, em que possam estar abertas para se ver o seu interior.

quarto_6quarto_5As cómodas e a cama foram desenhadas por mim e mandadas fazer por medida. Tenho um especial carinho pela caixinha de vidro azul. Lembro-me de a ver na cómoda da minha mãe; sempre gostei muito dela e um dia ela deu-ma. A senhorinha no canto, perfeita para amamentar, pertencia à mobília de quarto dos meus avós paternos, foi restaurada e forrada com um tecido em espiga da Pedroso e Osório. Quis que se mantivesse neste tom de rosa avermelhado, bem parecido com o veludo original.

quarto_4quarto_7Nas paredes, um poster do Rothko comprado há meia dúzia de anos no Tate Modern em Londres e, no lado oposto, quatro andorinhas forradas a papel florido. Tenho uma paixão por andorinhas, não resisto a pendurá-las em bando no nosso quarto, no quarto delas e até na sala. As almofadas forradas com tecido da feira de Valença, a manta azul da Zara Home e o candeeiro de tecto MUUTO [à venda na Bica Kids] são as minhas últimas aquisições.

A verdade é que não consigo evitar redecorar determinados cantos da casa, pequenos pormenores que fazem logo diferença e dão aquele ar de casa nova, quando já está longe de o ser.

[fotografias por Rita P. Braga para Grace Baby&Child]


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