live true [e torna real aquilo em que acreditas]


Ando envolvida com esta campanha há dias. Vejo uma e outra vez os filmes no youtube e penso que gostava de fazer este tipo de publicidade, potente, que faz o outro parar para pensar, mais vezes. Ganhar a vida a fazer o que nos apaixona, o que vem de dentro, da alma e do coração, não deve ser privilégio só de alguns. Todos, de uma forma ou de outra, queremos encontrar o que realmente nos move. Mas requer trabalho, disciplina e muita [às vezes mesmo muita] convicção de que vale a pena.

Os primeiros três vídeos são as histórias reais de quem tem a força, a coragem [e uma pitada de loucura também] de levar os dias a agir menos com a cabeça e mais com o coração. Exemplos de quem optou por dar o salto de fé, desconsiderando as limitações financeiras ou as convenções sociais e que, em troca, ganhou o privilégio de ganhar a vida a fazer exatamente aquilo que lhe dá prazer. O quarto vídeo é o anúncio de televisão. Pedaços de imagens potentes acompanhadas por um poema de Bukowski com uma mensagem que se aplica a várias dimensões da vida, a várias artes e paixões. 
Depois do que vão ouvir e ler, pouco mais posso acrescentar. Inspirem-se. E boa quinta-feira.

 «Day by day, each day, train hard and try hard and follow your dream. I do it.»

 «There’s something different about killing yourself for something that is “your something” and killing yourself for something that is not yours.»

«It’s a good feeling. My hands touched every piece of stone that it’s in that wall. I’ve given birth to something.»

«If it doesn’t come bursting out of you in spite of everything,
don’t do it.
Unless it comes unasked out of your heart
and your mind and your mouth and your gut,
don’t do it.
If you have to sit for hours staring at your computer screen 
or hunched over your typewriter searching for words,
don’t do it.
If you’re doing it for money or fame,
don’t do it.
If you’re doing it because you want women in your bed,
don’t do it.
If you have to sit there and rewrite it again and again,
don’t do it.
If it’s hard work just thinking about doing it,
don’t do it.
If you’re trying to write like somebody else,
forget about it.
If you have to wait for it to roar out of you,
then wait patiently.
If it never does roar out of you,
do something else.
If you first have to read it to your wife or your girlfriend
or your boyfriend or your parents or to anybody at all,
you’re not ready.
Don’t be like so many writers,
don’t be like so many thousands of people who call themselves writers,
don’t be dull and boring and pretentious,
don’t be consumed with self-love.
The libraries of the world have yawned themselves to sleep over your kind.
don’t add to that. don’t do it.
Unless it comes out of your soul like a rocket,
unless being still would drive you to madness or suicide or murder,
don’t do it.
Unless the sun inside you is burning your gut,
don’t do it.
When it is truly time, and if you have been chosen,
it will do it by itself and it will keep on doing it until you die 
or it dies in you.
There is no other way.
And there never was.»

7 comentários a “live true [e torna real aquilo em que acreditas]”

  1. Ana, que maravilha. É isto que eu sinto sempre que entrevisto um fazedor. Vês por que é que é tão especial falar com pessoas que nos inspiram? É por isto: sentimo-nos mais cheios e com vontade de fazer mais. 🙂
    beijinhos

  2. 🙂

    “Nicolau Copérnico aperfeiçoou a sua descrição dos movimentos dos planetas quando era cónego na catedral de Frauenburg, na Polónia. O seu trabalho astronómico não ajudou certamente a sua carreira eclesiástica e, durante a maior parte da sua vida, as principais recompensas que obteve foram estéticas, resultantes da singela beleza do seu sistema em comparação com o pesado modelo Ptolomaico. Galileu tinha estudado medicina e, o que o levou a experiências cada vez mais arriscadas, foi o deleite que sentia em imaginar coisas como a localização do centro de gravidade dos vários objectos sólidos. Isaac Newton formulou as suas principais descobertas muito pouco tempo depois de se ter licenciado em Cambridge, em 1665, altura em que a universidade foi encerrada por causa da peste. Newton teve de passar dois anos no campo, num retiro seguro mas entediante, e ocupou o tempo a brincar com as suas ideias sobre a teoria universal da gravidade. Antoine Laurent Lavoisier, fundador da química moderna, era funcionário público da Ferme Générale, o equivalente ao Ministério das Finanças na França pré-revolucionária. Estava também envolvido na reforma agrária e no planeamento social, mas o que mais gostava de fazer eram as suas belas experiências clássicas. Luigi Galvani, que fez investigação de base sobre como músculos e nervos conduzem a electricidade, a qual, por seu turno, levou à invenção da bateria eléctrica, exerceu medicina até ao fim da sua vida. Gregor Mendel foi outro homem da igreja, cujas experiências, resltantes do seu gosto pela jardinagem, constituíram a base da genética. Quando, já no fim da vida, perguntaram a Albert A. Michelson — a primeira pessoa, nos Estados Unidos, a receber um prémio Nobel de ciência — porque tinha dedicado tanto tempo a medir a velocidade da luz, ele terá respondido: “Era tão dvertido”. E, convém não esquecer, Einstein escreveu os seus ensaios mais importantes quando trabalhava no Departamento Suíço de Patentes. Estes, e tantos outros grandes cientistas que facilmente poderíamos referir, não sentiram a sua capacidade de pensamento diminuída por não serem “profissionais” do seu ramo, isto é, figuras reconhecidas com recurso a apoios legítimos. Fizeram apenas aquilo que gostavam de fazer.”

    Mihaly Csikszentmihalyi, en Fluir

  3. Um MUST:

    http://luadepapel.pt/pt/ideias-e-filosofia/um-mundo-iluminado/

    (o autor mais velhinho é uma DELÍCIA e há muita coisa na net sobre e com ele).

    E… MUITO obrigada por esta partilha. Adorei o poema. Não conhecia. Aqui há tempos, não sei a que propósito cruzei-me com Bukowski numa das minhas habituais leituras. Achei que teria de o explorar melhor. Mandei vir um livro dele (Tales of Ordinary Madness). Ainda não peguei nele porque outros interesses têm-se subreposto, e… também, a poesia não é para ser lida de enfiada (digo eu). É para ser lida quando é pertinente, quando surge o momento suficientemente maduro dentro de nós que nos põe prontos para absorvê-la. É para consumir lentamente.
    Fui à estante, procurei o livro e agora vai ficar debaixo de olho para ler devagar.
    Beijo.

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