a viagem à Grécia [dia 14]


Fizemos as únicas compras da viagem numa loja gourmet do aeroporto de Atenas: pasta de azeitonas selvagens, paté de feta com tomate e manjericão e um azeite biológico com uma embalagem bem bonita [confesso, foi muito pela embalagem]. Não trouxemos mais coisas porque eram caras ou porque exigiam frigorífico [os queijos, ai os queijos] mas saí da loja determinada. Tomei uma decisão: voltar a cozinhar.
Há quem não acredite, mas eu gosto de cozinhar. Gosto de pesquisar receitas saudáveis e que me inspirem, de comprar os ingredientes frescos, no dia e de preferência numa mercearia local, e de me lançar a prepará-los, com tempo e carinho. Mas a verdade é que raramente preparo uma refeição assim. Na correria dos dias, a única coisa que eu vou cozinhando com alguma alma são saladas [muito apreciadas pelos dois] e pastas [eu podia comer massa todos os dias]. De resto, improviso, aqueço, descongelo ou encomendo. A razão é a do costume: não tenho tempo. 

Quando fiquei grávida, pensei que a licença de maternidade seria a oportunidade perfeita para recuperar o tempo perdido e para, finalmente, aprender a fazer eu mesma as receitas de família. Queria passar dias com a minha avó e a avó do B., nas suas casas, onde se fazem croquetes, empadas, maioneses, compotas, biscoitos e os doces de natal à moda antiga. Queria sentar-me nas suas mesas de cozinha e assistir à alquimia de sabores [e de emoções] que está em cada bolo, em cada prato. Queria que a coisa fosse o mais tradicional possível e até comprei aqueles livros de capa azul com a etiqueta vermelha no centro, dois, uma para doces e outro para salgados. Mas nem uma linha escrevi, nem uma receita a ser confecionada vi. O tempo fugiu-me entre os dedos. 
Torço o nariz. Não quero que este saber se perca. Não gosto de jantar qualquer coisa preparada à pressa e muito menos que a razão pela qual isso acontece seja a falta de tempo. Mesmo sabendo que é verdade – chegar a casa depois das oito da noite e quase sempre cansada demais não dá grande vontade de me enfiar horas na cozinha à volta dos tachos – soa-me a desculpa esfarrapada. Porque o tempo é o que fizermos dele, portanto, se eu quero e preciso de voltar a cozinhar, a mudança [a tal, a que vai acontecer nas nossas vidas, eu sei] também vai passar por aqui.
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2 comentários a “a viagem à Grécia [dia 14]”

  1. posso dar uma dica? planeamento de refeições. por aqui temos tentado fazer isso e tem resultado. nos dias em que definimos antecipadamente o que comer, consigo preparar as compras, as tarefas e rotinas de forma a ter a dita refeição na mesa. é como um objectivo diário que se quer cumprir e riscar da lista. 🙂

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