8h30 – 10h30


acordar no fuso horário da semana. aproveitar que os dois terroristas [pai e filha] dormem para fazer render a manhã. sentir o silêncio. recolher os destroços da noite anterior: copos com água, mantas desalinhadas, almofadas no chão, roupa na cadeira. é quase sempre este o cenário que enfrento nos dias seguintes a uma noite em que fui para a cama mais cedo. homens, resmungo, mas haverá pouco a fazer. depois do duche, deixar a roupa para a criança vestir, assim garanto que não há enganos. e sair. a pé. vestido de ganga, cachecol ao pescoço, uggs nos pés e um casaco de malha grosso. a combinação perfeita para o meu querido novembro. entrar na biblioteca pública que está a um quarteirão de casa. sentir-me uma sortuda por viver no centro histórico de uma cidade que, ainda que não me encha as medidas, me proporciona o necessário para ter uma vida simpática. escolher a mesa da janela, a de sempre, com o sol aquecer-me as costas. abrir o pc, esperar e olhar lá para fora. para as traseiras das casas que só se vêem deste alto. os jardins que, da rua, parecem não existir. as hortas cuidadas. os bocados de muralhas de uma cidade outrora romana. pensar que devia dedicar-me mais a estudar a história das coisas. tivesse eu tempo. humpf. tempo é, talvez, a palavra que eu mais vezes usei ao longo deste ano. não fico muito contente. mas agora isso não interessa nada. porque é sábado, é quase natal e está tudo bem.


2 comentários a “8h30 – 10h30”

  1. Tão bom… momento delicioso! É tão bom quando conseguimos desfrutar de nós mesmos, sem medo do silêncio e da nossa paz interior.
    Bom fim-de-semana!

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