Ter os 3 filhos debaixo do mesmo tecto é, durante grande parte do ano, impossível. O meu irmão Afonso vive nos Açores desde 2010, ano que deixou Espanha, depois de ter deixado Itália, para estar mais perto do Pai [naqueles tempos]. Mais perto, quer dizer, menos longe, quando tudo era longe demais.
Portanto, já que ter os 3 filhos debaixo do mesmo tecto é, grande parte do ano, raro, a mãe resolveu prolongar o Natal e chamar-nos a todos para hoje irmos lá almoçar. Tarde, como é hábito, e sem grande rigidez nas horas, porque há as saídas à noite e agora até há bebés e a Mãe também gosta de fazer as coisas ao seu ritmo, sozinha, sem grande balbúrdia ou ajudas na preparação. As ajudas, essas, vêm depois.
Estamos de novo sentados à mesa. Levanto a cabeça do prato, olho para o sofá e vejo o Pai lá sentado, lendo os jornais, com o cinzeiro do lado esquerdo, sempre aquele cinzeiro, e uma frincha da janela aberta, enquanto a mãe faz uso dos tachos e cozinha para nós. E nós vamos ficando, vamos ficando durante a tarde, chá e bolachas, ficamos para jantar, improvisa-se qualquer coisa, afinal é domingo, é inverno, está-se bem aqui. Na casa da mãe.