Mal posso esperar por sexta. Vamos fugir. Vamos para a Serra do Gerês, para o meio do quase nada, embrenhar-nos na montanha. Lá, o céu é mais estrelado, as horas correm devagar, o ar é tão puro. Gostamos de ir precisamente no pico do inverno, com frio. Paro por um minuto e visualizo. A lareira aquece a casa, visto um camisolão e calço botas de pêlo. Qual Heidi trabalhadora, cozinho, limpo, arrumo, subo e desço as escadas deste pequeno chalé que saiu das mãos sábias e habilidosas de um avô. Depois faço um chá, sento-me ao computador, inspiro-me e escrevo. Escrevo com facilidade, as ideias fluem melhor. Nos intervalos, abro a porta, saio para a varanda suspensa na natureza e, levando com o frio cortante na cara, encho o peito de ar para fazer o mais essencial da vida e que é: respirar. Faltam 3 dias.