Parece-me triste, ela. Vejo-a muitas vezes, todos os dias em que apanho o comboio e depois o metro, todos os dias como hoje, a varrer o lixo das escadas. Não é velha, mas também não é nova, às tantas até tem a minha idade mas parece ter mais. Penso que profissão poderá ser esta, varrer o lixo das ruas, o lixo que não é folhas, papéis ou sacos esvoaçantes [qual American Beauty], mas sim lixo que as pessoas fazem e deixam ficar: pontas de cigarros, talões amarfanhados, garrafas de água, copos de iogurtes. Penso que profissão será esta a de apanhar o lixo dos outros e que tristes são aqueles que o fazem, sem qualquer noção de civismo, educação, respeito pelos espaços, pelo outro, pelo que é de todos, ainda que às vezes pareça que é de ninguém. Não há nada de errado em varrer a rua. Errado é este lixo ser tão feio.
pessoas [e profissões] tristes
[hoje, nas escadas do metro]
2 comentários a “pessoas [e profissões] tristes”
Nem de propósito… Hoje vi uma adolescente a deitar para o chão a embalagem do chocolate que comia. Ao passar, disse-lhe que tinha deixado cair alguma coisa ao chão. Foi apanhar…
Em pleno século XXI, numa sociedade (dita) tão evoluída não compreendo como há pessoas a mandar lixo para o chão.. deixa-me chocada. Sou incapaz de mandar lixo para o chão, só raramente , muito raramente, quando não tenho nenhum papel à mão e começo a ficar maldisposta (acontece-me algumas vezes quando como pastilhas!) é que deito uma pastilha para o chão e fico a sentir-me culpada, mas às vezes não consigo mesmo. E, sem dúvida, que é triste ver alguém a apanhar esse lixo.