no parque [um fim de tarde em Basileia]


Naquele dia, no parque, pasmada a olhar os meninos que falavam outra língua, feliz, excitada por estarmos os dois ali a olhar para ela, apenas a olhar para ela [e por ela], ela gesticulava, ela falava sozinha e falava connosco, ela pulava exibindo as novas capacidades e malabarismos… até que caiu. Caiu, sujou as mãos e esfolou o joelho.
E quando veio ter connosco com uma mão no ar e outra a levantar a roupa para mostrar o dói-dói, ela, com aquela expressão de aflita tão dela, como se fosse um passarinho ferido a pedir ajuda, fez o meu coração explodir de tanto amor, orgulho e admiração, meu deus como fomos capazes de gerar uma criatura assim e a natureza ter sido tão generosa connosco. 



Então, sem conseguir evitar, as lágrimas vieram-me aos olhos e rolaram face a baixo, de felicidade, de emoção, de medo, eu sei lá, só sei que fiquei emocionada assim de a ver, a ela, a nossa filha a dirigir-se a nós, indefesa e traquina ao mesmo tempo.




Não fiz nada, não me levantei, não me mexi, sorri apenas, calada. Pensei como serei eu capaz de a proteger para sempre, que tamanha responsabilidade, e pedi que ficasse para sempre assim pequena, ainda bebé, ao meu alcance para que eu nunca deixasse de o fazer.

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2 comentários a “no parque [um fim de tarde em Basileia]”

  1. Que bonitas linhas!! 🙂
    Também sinto todas essas emoções com a minha querida Francisca de 15 meses, às vezes até é difícil de explicar… é um amor tão grande e uma gratidão imensa por termos tido a sorte de ter uma menina como ela.

    Felicidades! 😉

  2. Tão lindo o texto!!!Sei que sentimento é esse.. tenho-o tido desde há 4 anos para cá.. e depois de há um ano para cá a triplicar… é tão bom… e exasperante ao mesmo tempo!
    Parabéns pela bebé linda e família feliz 🙂

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