recomeçar


BeginFresh_011Chegámos ontem. Cansados, com os sonos trocados e aquela sensação agridoce de fim de férias. Acabou-se o bem bom mas, confesso, já tinha saudades de casa. Tenho sempre, gosto muito da minha casa, principalmente nesta altura do ano que a primavera é quase verão: chegar e encontrá-la na penumbra, o cheiro a roupa lavada, o cheiro do banhos das miúdas, jantar com a minha filha mais velha [já faz tanta companhia], o sol baixo a bater na janela da cozinha e depois, ao cair da noite e com elas já a dormir, deitar-me nesta chaise longe que veio do quarto de vestir dos meus avós, porta aberta para a varanda, apenas os ruídos da vida lá fora. Sentar-me a escrever.

A viagem foi intensa. Fui partilhando uma ou outra peripécia, um ou outro pensamento aqui no blog mas como é óbvio a viagem não foi apenas isso. Foi também tempo, essencialmente tempo para nós. Há um ano que já não estávamos tantos dias seguidos [antes os três, agora os quatro] juntos. Até parece que foi ontem, até parece que foi impossível. Como é que uma família, um casamento, uma relação homem e mulher, pai e mãe, pai e filha se mantém por doze longos meses na base do skype e do telemóvel? Se um se descabela e se consome entre fraldas e sopas e outro se refugia e se distrai no trabalho e nos copos, onde é o ponto de encontro?

Dizia eu no sábado, num dos poucos jantares com as duas a dormir no carrinho, o último curiosamente, e em jeito de balanço dos 18 dias que terminavam naquela noite, que o nosso ano estava a ser duro. Um dos mais duros da minha vida, física e emocionalmente; mais duro só aqueles 4 meses de 2010 em que o meu pai adoeceu e depois foi jogar bridge [ele jogava bridge?] para o céu. E que ao mesmo tempo estava a ser um ano bom e que não voltava atrás em nada de nada. Da última viagem [abril 2014] para esta [maio 2015] aconteceu tanta coisa! E mais: quem diria, há 5 anos atrás, que nós iríamos chegar aqui. Fomos sinceros e admitimos: eu não diria, ele também não.

Voltámos ao papel rabiscado com a lista dos nossos sonhos e objectivos. Soube bem perceber que realizámos uns quantos, abandonámos uns poucos, adicionámos outros. Repetimos o exercício. Alinhámos a rota em direção a setembro, redefinimos os papéis de cada um, tomámos as decisões que vão definir os próximos meses, comprometemo-nos a trabalhar, a entregar, a tolerar e a ser melhor. E depois no voo de regresso, luzes apagadas, meio avião a dormir e eu tomada pela insónia, peguei no meu caderninho bonito e apontei tudo aquilo que eu quero fazer por mim no que resta deste ano, precisamente o ano em que eu, algures lá trás, me defini como a minha prioridade. Vai ser ambicioso. Mas vai acontecer. E vai ser bom. A um novo começo.

[imagem via The Fresh Exchange]


Um comentário a “recomeçar”

  1. Gostei muito de ler a viagem à colômbia. No mês passado estivemos 10 dias a viajar com um bebé e tudo correu lindamente mas com duas meninas a logística é completamente diferente. É bom ir redefinindo objetivos. Fiquei com vontade de fazer isso mas tal como tu preciso de escrever, assentar os compromissos para não os falhar…

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