estes dias [em Basileia]


Não tenho passado muito por aqui. A máquina fotográfica ainda nem saiu da mochila e continuo com muito pouco tempo para parar, pensar e escrever. Não estou de férias, não, ando apenas submersa em trabalho, a compor esta casa e a tratar das filhas, que estiveram por minha conta mais de uma semana. Vai acontecer muitas vezes isto: ora vou a Portugal e ele fica sozinho com as miúdas, ora vai ele para o outro lado do mundo e fico eu.

Acordamos cedíssimo, seja sábado, domingo ou segunda-feira. Faço tudo a pé, de tram ou autocarro e só sinto falta do carro quando é preciso ir ao ikea ou às compras nos países vizinhos. Acho que é muito portuguesa, uma certa dependência do carro. Aqui, há quase mais carros estacionados do que a circular e os transportes estão cheios de gente de toda a idade e ocupação de vida. Depois há as bicicletas, bastantes. Silenciosas, não dou por elas na rua, é uma sorte ainda não ter sido atropelada por uma.

Tinham-me avisado que não passaria 1 mês até a Constança começar a falar alemão e assim aconteceu.

Não me parece que já construa frases, mas palavras diz muitas, principalmente uma: nein. Canta em alemão [ou algo semelhante] e vai substituindo palavras num discurso em português [quer uma apfel, vai calçar os schuhe] e eu tive de ir ao google para saber como se escrevem. Engraçado é o fenómeno com os l’s. Em português, tem dificuldade em dizê-los. Em alemão, não. E já conseguimos perceber bem quando diz Camila na língua materna ou na língua que está a aprender.

Às sextas as miúdas não vão ao colégio e o fim-de-semana começa mais cedo. A ideia é que comece melhor, mas sexta-feira foi um dia difícil, dificílimo, dos mais difíceis. Sexta-feira choveu e o vento soprou forte. Ainda assim, saímos. Quase de noite e a chover miudinho, saímos para apanhar ar, desanuviar a tensão e passar uma hora na biblioteca. Elas ficaram contentes, eu fiquei molhada. Bah.

Há uma grande diferença entre os meus dias sozinha com elas aqui ou em Portugal.

Para compensar, sábado correu bem e domingo ainda melhor. As atenções viraram-se para o pai e eu pude, finalmente, tomar um banho sossegada. A cereja no topo do bolo: ontem caíram as duas num sono profundo às 5 da tarde e só acordaram hoje de manhã. Uau. Sofá e televisão, foi um prazer conhecer-vos. Filhas belas adormecidas, pareciam adivinhar que estávamos a precisar de um descanso.

Depois de um lindo verão de São Martinho, a temperatura desceu e muito. Está um frio gélido, dizem até que vai nevar. Por todo o lado já cheira a natal e as decorações prometem. Às portas das lojas estão grandes pinheiros naturais e as janelas iluminam-se. Há uma montanha de neve com comboios a passar e pessoas pequeninas a esquiar na montra do café no nosso bairro. É a minha época preferida do ano.

Passo os meses a desejar sol e sal na pele mas, confesso, é o inverno que mais me emociona.


13 comentários a “estes dias [em Basileia]”

  1. podem aderir ao mobility e alugar carro por periodos curtos, por exemplo para irem às compras….paga-se uma anuidade, marca-se hora e dia pela net e abre-se o carro estacionado em vários pontos da cidade….

  2. Ana, Tão bom ler as suas palavras, consegue estar tão perto de nós mesmo estando longe, obrigado pela partilha e tenho a certeza que vai tudo correr bem….beijo e um forte abraço
    Silvia Moreira

  3. Que linda deve estar essa cidade! Estou a adorar estes seus diários e os relaTos da adaptação das meninas a um país diferente e a uma língua nova! Boa sorte!

  4. É emocionante seguir este seu diário , Ana 🙂 Quase nos sentimos parte da família!
    Beijinhos e muita força nos momentos mais solitários.
    Ana Moreira.

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