[ler o post a ouvir esta música]
Domingo, 10º dia de 2016, primeiro fim-de-semana do ano em Basileia. Choveu todo o dia. O Bernardo lá foi para mais uma temporada fora e eu fiquei com as miúdas por minha conta. Novo ano, nova lista de planos e intenções, nova oportunidade de dar algum propósito e direção aos dias. Acendo uma vela. Mantenho a tv desligada, ponho música baixinho e sento-me no meu lugar preferido desta casa: a mesa encostada às imensas janelas, uma árvore a fazer companhia, a vista baixa do 1º andar.
Penso em 2016, nos 12 meses que tenho pela frente, no que quero viver e ser. Não peço nada, mas proponho-me a muito.
Falo de profundidade, não de quantidade. Na verdade, não quero fazer muitas coisas; mas o que fizer, quero fazer bem. Em consciência, com serenidade e a certeza de estar no sítio certo. Paz. Não há outro lugar para onde ir. Foco. Tantos “ses” são coisas da minha cabeça. Contentamento. O caminho mais bonito não foi sempre o mais fácil e provavelmente continuará a não ser. Daí este post, uma mão de conselhos que escrevo para eu ler cada vez que [é como aprender a surfar] voltar à zona de rebentação.
- Não sejas tão dura contigo mesma. Será que vou conseguir, vou ter tempo para, vou saber fazer, vai resultar? Sim, sim, sim e sim. Sempre conseguiste, arranjaste tempo, soubeste fazer e resultou. Umas vezes bem, outras vezes não tanto, mas olha para trás, para o caminho que percorreste, a liberdade que conquistaste, o negócio que construíste. A relva do vizinho poderá parecer-te mais verde que a tua, mas será tanto assim? Não começámos, todos, por algum lado?
- Não deixes que a ansiedade te afunde. Antes, havia a empresa grande, colegas que viraram amigos, chefes para tomar as decisões difíceis, um lugar físico para estar. Agora… nunca sabes bem como vai ser amanhã. Trabalhar por conta própria traz algum caos e inconstância aos dias, faz parte, mas a adrenalina, a paixão com que vives o que fazes, a oportunidade de criar com a cabeça, mãos e o coração, e o poder de ser dona do teu tempo, vale tudo isso.
- Não faz mal ter medo. O medo vai e volta, e de tanto retornar, ao fim de algum tempo, passa a ser normal. O problema é se deixas que o medo se instale. Aí ele mata os sonhos, a esperança, paralisa-te, impede-te de fazer aquilo que, no teu íntimo, sabes ser capaz de fazer. Por isso, quando tiveres medo, fecha os olhos e confia. Confia na intuição e ela devolver-te-á a coragem para enfrentar o futuro com ainda mais entrega, trabalho e vontade de fazer acontecer.
- Não percas o controlo. Casa, carro, contas para pagar… há coisas incontornáveis. O inteligente é garantir que se cumprem de uma forma quase mecânica, que não te faça perder muito tempo e energia com elas. Toma as rédeas às finanças e ao lado burocrático da vida se não queres que te perturbem o ritmo que definiste para os teus dias, te desconcertem o passo ou te impeçam de avançar.
- Não desistas. É impossível ignorar o impacto do tanto que aconteceu, ao longo dos últimos anos, nas vossas vidas: a chegada de um bebé, depois outro, as transições profissionais, a separação da família, os meses de maternidade a solo, depois o reencontro e, pelo meio, a gestão de um negócio em casal. Estás exausta. E a adaptar-te a tantas mudanças, ainda. Talvez não tivesses consciência de que muita coisa mudar, provavelmente para sempre. Mas não desistas. Porque a vossa essência, a vossa dinâmica original, essa, permanece intocável.
[nós, pela Grécia, no verão de 2013]
Um comentário a “pensamentos para 2016”
Identifico-me tanto com estas palavras e com estes pensamentos para 2016. Partilho todos os pontos contigo! e é bom saber que os medos e as inseguranças fazem parte de todas nós e também são eles que fazem com que cheguemos mais longe e sejamos pessoas melhores e mais fortes! Bom 2016 🙂