pensamentos soltos sobre a vida em Basileia


O carnaval já passou. Nas ruas jazem confetis e serpentinas, volta e meia uma máscara esquecida numa montra, mas o comércio reabriu, as crianças recomeçaram o colégio, os transportes já circulam no centro, a vida voltou à normalidade. O carnaval em Basileia durou três dias e nós fomos ver.

Acho que já me habituei ao frio. Tanto que posso dizer que frio a sério, de ir a correr comprar luvas para as miúdas, só tivemos naquele fim-de-semana que nevou. De resto, nada que um gorro, um bom casaco e umas uggs nos pés não resolvam.

Saltito de café em café com o meu querido mac debaixo do braço [leia-se, na mochila] e a julgar pelo número de pessoas que fazem o mesmo, ou há muita gente a trabalhar por conta própria ou os hábitos de trabalho aqui são muito diferentes. Voto nas duas. E a propósito, nunca vi tão pouca gente de fato e gravata. Talvez o meu circuito seja mais profissional liberal.

Continuo a testar os meus níveis de produtividade e de capacidade de trabalho. Acho que atingi o meu máximo. Trabalho sem desfoque das 9h às 12h30, das 14h às 18h e depois retomo no fim do jantar até à meia-noite, 1 da manhã. Mais do que isto, só se começar a snifar qualquer coisa. Entretanto tenho umas 6 máquinas de roupa à minha espera para dobrar. Medo.

Vamos ter de mudar de casa, já contei aqui. Então agora o dilema é entre uma casa na nossa zona, perto do rio, o spot perfeito para passar a primavera e o verão, ou uma casa noutra zona, talvez mais barata, talvez maior e mais recente, mas longe deste ambiente que tanto gostamos. Decisions, buf.

As miúdas têm estado doentes. Primeiro a Constança com uma virose que a deitou abaixo como nunca, agora a Camila com febre e uma constipação que a deixa impossível. Elas doentes e nós à beira de ataques de nervos, consecutivamente. Há dias tão extenuantes que até me fazem duvidar das minhas qualidades como mãe.

Entretanto vejo as mães a passear os filhos nos carrinhos com um ar leve, descontraído, feliz da vida. Aqui as pessoas não têm aquele ar carregado de quem está mal com o banco, as finanças ou a segurança social. Não há trânsito, não há filas, não há carros a apitar. Há sim cafés bonitos, cheios de gente, de segunda a domingo. Não há shoppings. Há bancas de fruta, flores e legumes na rua. Há pontes que se atravessam a pé. Não há gatos esfomeados. Há cães com direitos de gente grande: andam nos transportes públicos, entram nos cafés, vão às compras ao ikea. É tudo diferente. Não quero dizer que é melhor. É diferente. E também é por isso que estamos aqui.


5 comentários a “pensamentos soltos sobre a vida em Basileia”

  1. Que bonita descrição de tudo. É tão bom ler estes relatos sabendo que daqui a 1 mês serei eu também a estar aí nesse pais. Vou voltar muitas vezes a portugal, mas quero muito sentir-me bem aí. Obrigada pelas palavras

  2. Parece maravilhoso! Claro que terá também o seu lado lunar, mas só a ideia de trabalhar em cafés bonitos e passear junto ao rio ao final do dia jÁ me deixa a suspirar… Aproveite bem e boa sorte!

  3. Como eu a percebo ana!

    é tudo tão diferente que após 2 anos e dois meses já me sinto em casa. O estranho é adaptar-me a Lisboa quando lá vou…(nunca sonhei dizer isto).
    Gosto dos passeios ao ar livre, gosto dos jardins, picnics e barbecues, gosto do ar feliz das pessoas…

    boa sorte para procurar casa, nos vivemos em Gundeli (após 3 mudanças de casa!) e gostamos bastante! Beijinho
    ps: temos que marcar um café e conhecermo-nos!! 🙂

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *