Olá, sou a Ana. Tenho 37 anos, duas filhas e moro entre Basileia e Braga, cidade onde vivi até aos 18 e para onde voltei em 2006. Nos 10 anos que estive fora, vivi em Lisboa e no estrangeiro, mais precisamente em Atlanta, no sul dos Estados Unidos da América. O Bernardo, que de vez em quando aparece por aqui, também: primeiro em Varsóvia, depois Londres, Nova Deli e agora em Basileia, num apartamento bonito junto ao Reno.
Estudei Ciências da Comunicação e foi a esta área que dediquei 12 anos da minha carreira. Primeiro em Lisboa, depois no Porto, mas sempre a saltitar entre as duas cidades, fui brand manager nos maiores grupos de telecomunicações do país e posso dizer, sem mentir: adorava o que fazia. Lancei produtos e serviços, vi nascer a internet no telemóvel, estudei os jovens e as empresas, fiz um e outro rebranding, tudo sempre novo, tudo sempre para ontem, era uma verdadeira emoção.
Mas [há sempre um mas] há muito que sentia vontade de aprender uma coisa diferente e de criar um projeto meu, algo que viesse da minha cabeça, mãos e coração. Era uma espécie de chamamento e a verdade é que não foi por aqui que comecei. Antes da Ma Petite Princesse, agora Grace Baby&Child, houve um concurso de ideias para a revitalização da antiga Saboaria Confiança e, antes disso ainda, um sonho em forma de café-restaurante que guardo com carinho numa gaveta. Três anos de mim que acabaram por não ver a luz do dia mas nem por isso perdidos porque me fizeram chegar aqui, à roupa para crianças e à escrita, lugares de onde eu, de resto, nunca saí.
a história da Grace, que antes se chamava Ma Petite Princesse
Tem tanto de cliché como de verdade: a maternidade transforma-nos, altera-nos o sistema e dá-lhe uma volta para sempre. Foi numa tarde de inverno, há quase 3 anos atrás, entre as primeiras fraldas e mamadas, que tomei a grande decisão: ia-me lançar na aventura de ter um projeto meu. A partir desse dia, tudo mudou. E essa mudança, além de inevitável, foi definitiva. Vou contar como foi.
Dezembro 2012. Junto com a minha filha Constança, nasceu a Ma Petite Princesse. O projeto começado e adiado pela minha mãe ganhou vida quando eu fui mãe. A oportunidade estava lá, a maternidade deu o pontapé que faltava e os cinco meses de licença proporcionaram o tempo necessário para me apaixonar perdidamente pela ideia. Eu, que sempre quis criar um negócio meu, ia fazê-lo. O conceito: uma marca de roupa e outras coisas para bebés e um blog para partilhar a minha vida depois de ser mãe. O nome: Ma Petite Princesse, ligeiramente coquette mas afastado qb do mundo cor-de-rosa das princesas. A inspiração: ela, a minha primeira filha, recém-nascida.
De abril 2013 a abril 2014: o primeiro ano. No mesmo mês em que voltei ao trabalho terminada a licença de maternidade, lançámos a primeira coleção. A marca passou os testes iniciais e eu vivi um ano louco: acumulei um emprego com um projeto, trabalhei em média 15 horas por dia e ganhei meia dúzia de rugas à volta dos olhos que me custam reconhecer. Foram tempos duros, intensos, onde senti muitas vezes o prazer, mas também a dor de criar e exatamente um ano depois do primeiro dia de vida da Ma Petite Princesse, a grande decisão: dar o salto de fé. Larguei o emprego, tirei o negócio da sala de estar e abri o atelier. Depois, a oportunidade de ir para fora do país aconteceu e, também na esfera pessoal, demos uma grande volta: ele aceitou um desafio na Suíça e eu fiquei cá, com uma pela mão e outra na barriga, até chegar o dia de nos mudarmos também.
Setembro 2014: mudança de imagem. Por esta altura, a Ma Petite Princesse já se tinha tornado numa realidade e em algo muito maior do que um projeto de negócio: tornara-se num projeto de vida. A marca o blog eram o resultado de um enorme trabalho, o reflexo da nossa forma de estar, uma espécie de extensão das nossas personalidades. O caminho que percorríamos era carregado de emoção. Mas nem sempre resultou óbvio, foi-se fazendo caminhando, todos os dias. Às vezes de forma mais confusa, incerta, houve até quem desse por ela e me escrevesse: há qualquer coisa ligeiramente desafinada entre a marca e a pessoa que está por detrás dela. Pois era verdade, fui sentindo-o e sabendo-o mais do que uma vez, até me ser muito claro, límpido. E então? Havia que começar de novo. A marca mudou de logotipo para ficar ainda mais bonita e, acima de tudo, mais perto do meu coração.
Janeiro 2015: de uma para três. A Camila chegou às nossas vidas e nós, inspirados por ela, iniciámos mais uma etapa. O repto que eu lançara no ano anterior deu frutos e o meu projeto pessoal deixou de ser individual: a Ma Petite Princesse passou a ser uma equipa de 3 pessoas. De uma passamos a três! E como três cabeças pensam melhor que uma, seis braços trabalham mais rápido, seis pernas chegam mais longe, demos um verdadeiro salto.
1 setembro 2015: rebranding para Grace Baby&Child. Quase 3 anos depois de eu ser mãe pela primeira vez, da primeira conversa, do primeiro esboço, do primeiro rabisco no papel, o negócio que nasceu na nossa sala de estar ganhou corpo e entrou numa outra dimensão. De Ma Petite Princesse passámos a Grace Baby&Child e a um novo estado de vida que só pode trazer coisas boas. Grace Baby&Child traduz o nosso olhar para o futuro e o nosso compromisso de manter esta marca genuína e o mais perto possível do meu gosto, da minha forma de estar, de lidar com as minhas filhas e de encarar a infância.
[fotografias por Rita P. Braga para Grace Baby&Child * 31.08.15]