Ando com este post a meio, na dúvida se o publico, ou não, há várias semanas. A verdade é que desde que li esta crónica que a ideia não me sai da cabeça.
Imagino o que os mais preocupados possam estar a pensar ao ver-me arriscar escrever, literalmente, que não quero trabalhar das 9 às 5: que eu devia era estar calada, porque se os meus chefes me lêem vão ficar mal impressionados; que eu sou pobre e mal agradecida, pois nos tempos em que correm eu tenho emprego, sou paga devidamente e a tempo e a horas, e há quem não tenha nada disso; ou que nem me passe pela cabeça deixar o certo pelo incerto. Calma, gente, não é nada disso.
Alternativas procuram-se, diz a Catarina, e eu subscrevo. Não que eu quisesse passar a trabalhar a partir de casa, não. Nem isso era possível com a profissão que tenho, nem eu me sentiria particularmente feliz. Eu preciso da dinâmica de grupo, da troca de informação ao vivo e a cores, de sair de casa para ir trabalhar. Também não escolheria um horário a tempo parcial. Feitas as contas, chegamos à conclusão que tudo o que pretendemos para as nossas vidas exige o meu salário por inteiro. O que eu gostava, mesmo, era poder ter outro horário de trabalho. Um horário contínuo, que permitisse fazer uma melhor gestão do meu tempo, reduzindo as pressas e aumentando a qualidade de vida em família. Um horário que tornasse possível eu estar mais tempo com a minha filha, com a minha família ou só comigo mesma, sem a iminência do atraso e a culpa do despacha. Um horário que nos fizesse, a todos, mais felizes.
Há países em que o horário contínuo é prática comum. Dependendo dos casos, um dia de trabalho poderá começar às 8 da manhã (ou até mais cedo) e terminar às 3 da tarde, sem interrupção para almoço. À primeira vista pode parecer estranho, mas funciona. A produtividade nas empresas aumenta e a felicidade nas famílias também. Para mim, seria o modelo ideal. Pai e mãe a revezar-se nas tarefas domésticas pois se um fica com mais tempo de tarde, outro assegura o início da manhã.
4 comentários a “eu também não quero trabalhar das 9 às 5”
Concordo com tudo…acho que podemos rentabilizar o tempo de outra forma…mas em Portugal continua-se infelizmente a achar que quem sai mt tarde é quem trabalha, quando não tem que ser forçosamente assim.
Assino em baixo. Eu já tive o privilégio de ter um horário desses e garanto-te que rentabilizava bem mais o meu dia. Na altura, nem tinha filhos. Agora que tenho um, esse tempo seria bem melhor aproveitado.
Os pais TÊM que se habituar. O problema é que os filhos… Não necessariamente.
O que é preciso, também, é que os filhos não sintam esses ‘beijos e mimos’ como a ‘tradução de algum sentimento de culpa’.
Como eu te entendo! Mas acredita que te vais habituar.