Assistir ao por do sol é um ritual bonito. O Nico, que deixou Itália há 8 anos e abriu, com a mulher, o lodge charmoso onde ficamos instalados esta semana, diz que toda a gente devia assistir ao por do sol, todos os dias. Que é um fenómeno da natureza ao qual damos sempre tão pouca importância, indevidamente. É uma visão romântica e um tanto ao quanto utópica da coisa, é certo, mas a sua maneira simplista de o dizer fez-me pensar. E ele até tem razão.
Quem escolheu viver aqui não tem a vida muito facilitada: não há grandes estradas, a água escasseia, o pó é demasiado, faltará a oferta cultural, algum conforto no acesso às coisas, etc. Mas como me dizia o Nico, são outros problemas. Não há stress, é uma coisa que não existe, e não há pressa. Dei-me ao trabalho de os observar, os americanos, belgas, italianos, espanhóis e argentinos com que nos cruzamos esta semana. Não são miúdos. Trabalham ou são donos de alojamentos, restaurantes, cafés, negócios locais. Vi-os ocupados, focados, concentrados em fazer as coisas funcionar, a cuidar dos projetos que criaram, espaços despretensiosos mas com conceito, bem pensados, bem decorados, cheios de movimento. Desengane-se quem pensa que quem trabalha de havaianas e sorri o tempo todo não está trabalhar, porque está; eu vi-os e percebi que estavam a fazer exatamente o mesmo que nós fazemos num escritório ou num consultório em Portugal. Mas não com rugas na testa, não das 9 às 5 [melhor dizendo, das 9 às 8], não sem tempo para nada, para eles próprios, e principalmente para o que os terá movido a este lugar: o surf. Quem escolheu viver aqui não ficará aqui para sempre, não sei, mas enquanto cá está é, seguramente, muito feliz.
Um comentário a “[a viagem à Costa Rica] dia 13”
força!! 🙂