Detenho-me na banca das revistas. Passo os olhos pelas capas cor-de-rosa que apenas leio quando vou ao cabeleireiro fazer as unhas. Demoro nas outras: Evasões, Traveller da Condé Nast, Vogue, Elle Deco, Attitude, AD… e na minha preferida, a Monocle.
Tomo consciência de que o hábito de ler, devorar, revistas anda há muito tempo adormecido em mim. Não, não é propriamente desde que fui mãe porque sempre aproveitei o sol de inverno na esplanada com a Constança recém-nascida a dormir na alcofa, ao meu lado. É talvez desde o dia em que ela começou a andar. Ou até, melhor dizendo, desde que a Ma Petite Princesse passou a existir na minha [nossa] vida e desta maneira tão dominante [acho que as datas coincidem].
Não consigo evitar sentir algum desgosto. Porque era uma coisa que eu gostava mesmo de fazer e da qual fui abdicando sem dar por isso. Até hoje. Pego na Monocle, folheio-a, cheiro o seu papel texturado e levo-a comigo. Na esperança de a poder ler aos bocadinhos na cama, ao fim da tarde na chaise longue ou na mesa da esplanada, ao sol, amanhã.