Já aqui falei algumas vezes sobre a criopreservação, tema controverso e delicado. Criopreservar, ou não, as células estaminais ao nascimento é uma decisão altamente pessoal que, na minha opinião, diz respeito apenas e somente aos pais da criança.
Há muita gente a favor e outra tanta a considerar a criopreservação uma grande jogada de marketing.
Eu não posso concordar, tal como não concordei há 3 anos atrás com a Constança e 2 anos depois com a Camila. Ao terceiro filho, se e quando o tiver, não há dúvidas, será igual: se o fizemos para a Constança e para a Camila, não seria justo não o fazermos para outro bebé também. E será no mesmo laboratório onde foi feita a criopreservação das células estaminais das irmãs, a Crioestaminal: as probabilidades de compatibilidade entre irmãos é de apenas 25% mas é alguma, portanto se o fizemos no mesmo laboratório, em caso de necessidade de uso das células, é tudo mais rápido e fácil.
Hoje recordo o testemunho que já dei aqui no blog. Não vou debitar informação técnica, essa podem facilmente encontrá-la na net ou junto dos laboratórios; vou apenas contar como foi o nosso processo de decisão e a nossa experiência. Apenas isso.
Quando estive grávida da Constança, o tema da criopreservação das células estaminais esteve naturalmente em cima da mesa. Ouvimos médicos e especialistas, discutimos os prós e os contras com a família e amigos na mesma situação, consultamos a informação disponível e a opção, tenho de ser honesta, não foi assim tão fácil de tomar: o investimento era considerável e havia muita especulação à volta do assunto. Qual o laboratório mais fiável? Qual a opção mais razoável? Não sabíamos bem.
Começámos pelo banco público. Sabíamos que funcionava mais ou menos da mesma maneira que um banco de sangue, ou seja, tal e qual acontece com o sangue que doamos, não havia qualquer garantia que as células estaminais a usar em caso de necessidade fossem as da própria Constança ou de outra pessoa qualquer. Isto significava que: 1. as hipóteses de compatibilidade eram menores; 2. as possibilidades de sucesso, no caso de ser necessário fazer algum tipo de intervenção com recurso às células, também baixavam consideravelmente. Por outro lado, esta opção de criopreservação era gratuita e, até prova em contrário, segura. Assim nos garantia o Estado, pelo menos. Hesitámos. Contactámos o banco, encontrava-se desativado, logo possibilidade posta de parte.
Então virámo-nos para a opção de criopreservação privada. Consultámos os 2 laboratórios que na altura eram mais credíveis e optámos pela Crioestaminal, pelo rigor da informação que nos passaram, reputação e experiência. Mas acima de tudo, o que realmente nos convenceu, foi o facto de ser uma criopreservação das células da Constança e para a Constança, ou irmãos e pais da Constança [e não de ou para terceiros]. Dito numa linguagem mais técnica, isto significa que as amostras destinam-se a transplantes autólogos [para o próprio] ou alogénicos [para familiares compatíveis]. Ora para doenças que podem ser tratadas com células próprias, a probabilidade de sucesso dos transplantes é muito superior em relação aos transplantes em que são utilizadas células de outros dadores. E uma vez que tínhamos decidido investir, então optámos pela solução mais completa: criopreservar as células estaminais do sangue do cordão umbilical e também as células do tecido. Os avanços da ciência e da medicina nestes últimos anos são surpreendentes e as possibilidades de utilização destas células aumentam dia após dia. Quanto ao investimento, aproveitámos a campanha da Crioestaminal e fizemos o pagamento faseado em 10 meses sem juros [ver todas soluções e preços aqui].
Dois anos depois, quando grávida da Camila, nem hesitámos e, mais uma vez, correu tudo bem. Mas se da Constança conseguimos fazer a criopreservação do sangue e do tecido do cordão umbilical, já da Camila só conseguimos retirar sangue do cordão. Conto como foi o parto da Constança aqui e como foi o parto da Camila aqui. Foram ambos emocionantes.
Criopreservar não será a solução garantida para todos os problemas ou doenças que possam surgir no futuro, não, até pode não ter qualquer utilidade e, se assim for, que seja pelas melhores razões. Se não, pode ser a hipótese de salvar a vida de um filho. E qual é o pai ou mãe que, podendo, nega essa possibilidade?
Criopreservar é como fazer um seguro de vida, mas daqueles que nós não queremos utilizar.
mais informação no site da Crioestaminal
[Constança com 2 anos e 4 meses * Camila com 1 mês e 1 semana * fotografias tiradas pela Daniela Sousa em fevereiro 2015]