Mentiria se dissesse que estes fins-de-semana assim não me sabem bem, porque sabem. Silêncio, ordem, as minha séries, refeições de tabuleiro no sofá, apenas a minha vontade. Deito a C. e tenho a casa só para mim. Desligo a televisão, ouço música e leio um livro na cama. Até serem quase 2 da manhã, ou até vir o sono.

No dia seguinte, pelas 6h30 [é matemático], ela acorda, choraminga, levanta os braços. Cambaleio até ao quarto do lado, pego nela, trago-a para a minha cama, deito-a junto a mim, adormecemos quase abraçadas e assim ficamos. Sem despertador, sem noção das horas, sem qualquer tipo de pressa, afinal [também] é para isso que o fim-de-semana serve. Às 10h30, já satisfeita de ronha e de preguiça, levanto-me, devagarinho. Quero que ela durma o mais possível [bebé que dorme bem é um bebé feliz] mas mal eu saio da cama, ela acorda também. Bem disposta, sorridente, brincalhona, cheia de energia.

Hoje recebemos a visita da avó Joana, o que deu muito jeito porque me permitiu lavar o cabelo decentemente e sem ter que sair do chuveiro mais do que uma vez para evitar qualquer desgraça na casa de banho. Virei costas às camas por fazer e aos brinquedos desarrumados [ando a treinar para conseguir fazer isto] e saímos para aproveitar o sol da manhã. No inverno, sabe-me bem tomar um café numa esplanada. Depois voltar a casa, almoçar e aproveitar que a C. dorme a sesta para eu fazer uma coisa que nunca fiz: sentar-me à janela do meu quarto, nesta senhorinha que veio do quarto da minha avó e que eu restaurei para o nosso quarto, a escrever. Daqui de cima, vejo árvores, o jardim e a cidade. O sol aquece-me as pernas e sabe-me bem.

Aproveito estas duas horas para organizar umas ideias, por a correspondência em dia, trabalhar um bocado. Daqui a pouco a C. acorda e vamos sair para lanchar, as duas, novamente a pé. E quando este sol de inverno se for embora, voltar a casa, aquecida, espalhar os brinquedos no chão e perceber que não podia haver melhor programa de fim-de-semana do que este.