Ela chama por ele de 10 em 10 minutos. Aponta para o telemóvel, para as fotografias da sala e da cozinha e diz papá, mamã, bebé, como se estivesse tudo igual. Não lhe liga muito no skype, mas assim que desligamos choraminga. Ando atenta. Parece-me que não perceberá bem o que se está a passar, mas sente a falta dele, tenho a certeza. No colégio, dizem que não há reações fora do normal: brinca como sempre brincou, dorme e come bem. Em casa, a coisa já muda de figura: mais teimosa, testa os limites e faz muito teatro. Tem graça, a miúda, mas cansa um santo. Depois, pede muito mimo, colo e a chupeta, fenómeno que começou nas férias e sem razão aparente. Logo agora que eu ia lançada para começar a diminuir o uso da dita.
Entretanto, estou a pagar caro um ano de burocracia ignorada e papelada adiada. Não tive outro remédio que meter pés ao caminho e, com a desculpa do recomeço, vida nova etc. e tal, passar esta última semana e meia enfiada na loja do cidadão, finanças, câmara, correios, centro de saúde e outros lugares que, em comum, têm: filas e esperas. Depois, isto de ser mãe e pai ao mesmo tempo tem muito que se lhe diga mas, na prática, resume-se a: o tempo foge-me entre os dedos. Junte-se a mudança para o atelier e o resultado é: tenho a vida virada do avesso. A parte boa é que a partir das 9h-9h30 [quando estou em casa] tenho sossego. Voltei a pôr os olhos numa novela brasileira, imagine-se, e a casa anda arrumada. Finalmente tirei o negócio da sala de estar. O nosso espaço está quase pronto, mais uns dias e abrimos as portas a quem nos quiser visitar.
[respiro fundo] Vêm aí tempos duros. A ideia de viver a maternidade [e paternidade] a solo ainda está a ganhar forma na minha cabeça, às vezes até acho que ainda não me caiu a ficha. É que ainda não chorei, coisa normal em mim, mas talvez não tenha tido tempo. Sei que não vou conseguir fazer tudo, muito menos fazer tudo bem e aceitar isso é o primeiro passo [difícil] para não alimentar frustrações que não me levarão a lado nenhum a não ser à minha própria tortura. Espero não me perder, algures pelo caminho. Nem perder alguma vez o norte, o nosso. Vou procurar e aceitar ajuda. Não serei uma super-mãe nem uma super-mulher, nem quero, mas vou fazer o meu melhor. E acredito de coração que vai ser apenas isso o necessário.
6 comentários a “1 semana e uns dias depois”
nao costumo escrever…mas sigo-a! Só para desejar boa sorte para esta nova etapa, nao é fácil viver tantas mudanças ao mesmo tempo mas espero que tudo corra bem.
ser mae a solo é fantastico, não é um bicho de sete cabeças… pelo contrario. aproveita bem todo esse tempo só teu e dela
Acho que o mais importante é mesmo assumires com naturalidade que não vai ser tudo perfeito! Mas vai ser tudo feito com muito amor! E o amor é imperfeito como a vida! Dá o teu melhor, sorri sempre que possas. E lembra-te que ser feliz é um estado de espírito. Busca-o sempre que o sentires fugir! Muita m#%&#!! Bj
Muita força para esta reviravolta e tudo de bom 🙂
Eu há um ano decidi, tal como tu apostar no meu negócio e fazer dele o meu modo de vida…
Não é fácil confesso… Mas o facto de puder aproveitar a minha filha, e ter algo meu, só meu faz-me ficar com ainda mais vontade de arregaçar as mangas e não desistir! (Sim, há dias que temos vontade de desistir…)
Eu tenho muitas amigas que infelizmente tb estão a viver a maternidade a solo.. E vejo que esses testes à paciência e a falta de mimo são normais no início enquanto não se acostumam à ideia de não terem o pai presente..
Um conselho é não desistires e vais ver que tudo vai correr bem! 😉
Um beijinho!
Sara
http://miudaelectrica.blogspot.pt
vai correr tudo bem 🙂