álbuns de fotografias



Custa-me ver o álbum de casamento da Maria porque te vejo lá, orgulhoso, nervoso, elegante. Lembro-me perfeitamente dos teus movimentos, cuidadoso com o fraque de estilo inglês e os sapatos novos. Ao ver-te assim vestido com cerimónia, a mãe disse que parecias o avô Almeida, o homem mais educado e agradável que ela alguma vez tinha conhecido. Esboço um sorriso triste. Custa-me ver o álbum de casamento da minha irmã porque me faz doer na alma e no corpo; é tamanha a saudade e a tristeza por não te poder ter de volta, hoje, sempre e também no meu dia especial, como ela te teve a ti.

Depois vejo os álbuns de fotografias que a mãe fez quando eu era pequenina. O meu nascimento, o batizado, as festas de família, os avós e os tios todos, 1 ano, 2 anos, as primeiras idas à praia, eu e eu e eu, tu e a mãe tão jovens, tinhas uns 25 anos mas já usavas bigode, o bigode que mantiveste durante várias décadas até ao dia em que te passou algo pela cabeça e o tiraste. Não fico tão triste, vejo-te feliz, igualmente orgulhoso na família que estavas a construir, provavelmente nervoso no teu papel de pai pela primeira vez, elegante nos teus fatos cor de caramelo e nos teus jeans escuros.

A mãe anda a fazer arrumações e trouxe-me os meus três álbuns [mais os meus livros todos da Anita]. Não resisti em levá-los para a cama mas se calhar hoje fiz mal. Fazes-me falta. Fazes-me tanta falta.


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