a espera [e o pai]


Então? Quando nasce? – é a pergunta do dia. Não sabemos. Fui prevenida que poderia ser 15 dias mais cedo que o previsto mas pelos vistos foi falso alarme. No domingo tivemos a confirmação: bebé muito subida, apenas 1 dedo de dilatação, voltem na 5ª para ver como evolui. Ok, ganhei uns dias, pensei eu. Agarrei na agenda. Anotei a lista: presentes de natal, últimos preparativos para a Camila, vacina da Constança, dentista, segurança social, burocracias, nova coleção, tecidos e encomendas, instalação definitiva no atelier… tenho 3 dias, o Bernardo para ajudar e uma virose que ganhei da Constança para me atrapalhar. Mas eu não lhe dou hipótese. Contrario-a e saio de casa.

 

Estou feliz, claro, mas ando de choro fácil e com os nervos à flor da pele. A ideia de ter uma bebé pequenina em casa agrada-me tanto quanto me assusta: acordar de 3 em 3 horas, dar de mamar, dedicar a atenção necessária à Constança, gerir as birras e os ciúmes e as teimosias típicas de uma criança de 2 anos, conseguir trabalhar e depois, no início do ano, ficar sem o Bernardo outra vez… como é que eu vou ser capaz? Inspiro. Saio para a rua e levo com o frio na cara. Ou então meto-me no carro e vou ver o mar. Vai correr tudo bem, eu sei. E para cada um dos problemas que hoje me parecem enormes e de difícil resolução eu vou encontrar uma solução. Mas até lá, é inevitável alguma ansiedade.

 

5ª feira vou dar entrada no hospital de malas preparada para ficar. A Constança ficará entregue ao cuidado dos avós e se tudo correr tão bem como se espera, saímos a tempo de passar o Natal em casa. Este ano a consoada é “minha” e vai ser na Casa de Fão. Vai ser bom dormir e acordar com a mãe e os irmãos perto. Fazer como quando éramos pequeninos e abrir os presentes de manhã, todos juntos, eu com a Camila nos braços. E agora vejo o pai despenteado, de pijama xadrez vermelho, sentado no cadeirão da sala a comer uma rabanada ao pequeno-almoço e a dizer no dia seguinte é que são boas. Ouço as senhoras da mesa do lado a comentarem com alguma pompa são as filhas do Augusto. E sinto orgulho, um orgulho maior.


4 comentários a “a espera [e o pai]”

  1. menina do norte… guarda esta tua ternura para sempre e para quem aí vem… dezembro é o mês para acolher por excelência… a camila vai nascer no meio de algo tão bom pronta para viver o natal cheio d carinho. beijo e tudo de bom

  2. adoro ler os seus post, são tão sinceros e bonitos…e também eu me revejo na sua situação de ter o marido longe…. que a Camila nasça depressa!! um grande beijinho

  3. Olá Ana,

    A DPP da minha bebé também era o dia de Natal, mas ela apressou – se e escolheu o dia do prematuro para nascer de 34 semanas e meia. Felizmente correu tudo bem e amanhã já faz um mesinho.
    Foi um parto fácil .Espero que o da Camila também seja assim.Felicidades para os 4 e Feliz Natal.

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