filha da mãe

Reconheço-lhe os gestos, hábitos e reações. Vejo-a. É a primeira a acordar. Encosta a porta do quarto, não faz barulho, deixa que o pai e as filhas durmam mais um bocado. E com uma agilidade que lhe é tão característica, inicia a rotina. Abre as janelas, areja os quartos. Prepara as roupas, dobra as do dia anterior, tira a que já está seca do estendal. Ajeita as almofadas do sofá, dobra a manta, recolhe os brinquedos espalhados pelo chão. Muda a água das flores, arruma a cozinha, põe uma sopa a descongelar. Prepara a mochila da filha mais velha e o saco da recém-nascida, é domingo e vão almoçar fora. Vai tomar banho, arranja-se minimamente. O silêncio, que bom. Quer aproveitar o silêncio e a possibilidade de fazer as coisas rápido e à sua maneira. Antes que eles acordem. Antes que ela se irrite. E comece a arrumar, tudo de novo.
Sai. Tem a cabeça cheia, acordou preocupada, precisa de apanhar ar e de um café. Deixa-se ficar meia, uma hora talvez. Quando chegar, eles já estarão acordados, vestidos, as camas mais ou menos feitas. Claro que haverá sempre um gancho no cabelo para colocar, ranho para limpar, as almofadas do sofá para voltar a ajeitar, um papel caído para apanhar. Ela sabe, tenta tolerar, esforça-se por tolerar.
Vejo-a. Vejo a minha mãe. Mas não é ela. Sou eu.
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destes dias

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