[aproxima as pessoas. as que eu não conheço, as que agora estão distantes e as que, há quase duas décadas, se cruzaram comigo na faculdade. hoje partilho com quem me lê o que partilham comigo. porque não somos as primeiras nem as últimas ou as únicas a passar pelo mesmo]

Olá Ana: só para te desejar muita força nesta fase da tua vida em que os braços parecem não conseguir abarcar tudo o que há para fazer. Vai com calma, aprecia o momento de ter as duas lindas meninas contigo. Quando tive o 3º bebé já estava trabalhar por conta própria e tb não tive licença de maternidade. Tudo se fez. Tudo o que era importante. Porque quando tentei fazer exactamente tudo o que fazia antes de ele nascer, a corda partiu-se. Nessa altura gostava que alguém me tivesse dito o que te vou dizer: sim, dá para trabalhar com várias crianças em casa. Sim, dá para não deixar os projectos pararem. Mas há coisas que vão ter que ficar de fora. É física simples, sabes? Se entra mais um em casa, na nossa vida, no nosso tempo e coração, alguma coisa tem de ficar sem espaço, deixa de caber. Por isso, aceita que podes deixar os pratos por lavar, não stresses se a Constança for um dia para a cama sem lavar os dentes ou lhe deres Nestum para o jantar. Aceitando que há coisas que podem ficar de fora, passamos a ter mais espaço para que entrem as que importam realmente: tempo para beijos e amassos, para acalmar birras, para ficar de costas no chão só a ouvir a maravilha do silêncio. Era o que eu gostava que me tivessem dito. Que não fazia mal não conseguir chegar a todo o lado. Demorei algum tempo a aceitar, mas agora que vivo de acordo como que importa realmente sou infinitamente mais feliz e centrada no presente, sem achar que devia estar sempre a fazer outra coisa mais importante. […]

[obrigada MJN. ler estas tuas palavras ontem contribuiu para o que meu dia fosse muito melhor]