[a viagem à Colômbia] dias 10 e 11


Choveu. E com a chuva, calor, vieram os mosquitos. Fatal. Tenho as pernas cravejadas de picadelas, num estado mesmo lastimável e estou inchada que nem um balão. Bah. Já fomos mais vezes à farmácia nestas férias que em todas as viagens da minha vida. Fraldas e leite para a Camila, termómetro, soro para os narizes e agora uma pomada com cortisona e um creme calmante para ver se me alivia a coceira e me deixa dormir [são 3 da manhã aqui e eu estou doida com a comichão]. Felizmente as miúdas não foram atacadas, nós com elas também não vacilamos no repelente, eu é que facilitei e estou bem pior.

Amanhã de manhã cedo apanhamos o barco para uma das ilhas ao largo de Cartagena. De todas as viagens que fizemos pela América Latina, esta é a primeira vez que preferimos o Caribe ao Pacífico [gostamos mais de mar agitado do que águas quentes] e também é a primeira vez que vamos ficar em hotel deste tipo com restaurante e todas aquelas comodidades que nós até agora desvalorizávamos mas que dado o contexto ilha e com uma bebé tão pequena como a Camila, passámos a aceitar como convenientes. Para termos praia, tivemos que nos render porque aqui não há outra hipótese. Ou melhor, há, mas não podemos pagar. E depois de no sábado termos virado costas ao resort, nestes dois dias de pesquisa e indecisões sobre qual hotel escolher, ir ou não ir para a praia, alterar radicalmente o plano ou ficar por aqui, veio sempre à baila aquele destino que tanto adoramos e que nunca nos desilude pela comida, pelas pessoas, pela simplicidade em tudo, pela beleza e ainda aquele mar: a Grécia. Fomos compensar. Jantámos no restaurante grego que fica ao virar da esquina e matámos as saudades.

Mas, agora, Cartagena. Muito bonita. Tem toda a herança colonial preservada e ao mesmo tempo revela ser surpreendentemente sofisticada. É certo que as lojas e os restaurantes da moda são para os turistas e que saindo das muralhas a coisa não é tão bela nem romântica assim, mas esta parte soube manter-se autêntica e ao mesmo tempo sedutora para quem visita. Explicou-me o José que há 15 anos não era bem assim, havia mais tensão e menos fé no turismo. Mas as coisas foram mudando e os casarões salvos do abandono e convertidos em hotéis boutique por europeus e locais que souberam fazer as coisas bem feitas. Há casas com mais de mil metros quadrados, a ocuparem um quarteirão inteiro. Muito poucas estão por restaurar. Na altura, o produtor de cinema francês e a sua companheira colombiana compraram esta em bom estado de conservação e por pouco mais de cem mil euros. Hoje já não é assim.

Viemos por 3 noites e acabámos por ficar 6. Cartagena, destino que nos anos 90 os portugueses encontravam nos panfletos das agências de viagens, parece ter sabido resistir ao turismo de massas e espalha charme em cada praceta e ruela. Voltamos no sábado para nos despedir.


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