do outro lado do skype 


Nestas últimas semanas, inveteram-se os papéis: ele com elas, eu sozinha. Agarrada ao trabalho, aos comprimidos e aos lenços de papel, fiquei o dobro dos dias previstos e pude perceber, sentir na pele, que estar do outro lado do skype também não é fácil. O meu ano e meio de maternidade a solo foi duro, mas estar fora do contexto delas também o é. As saudades não cabem num ecrã pequenino, os braços não chegam, não tocam, a voz é interrompida pela falha de rede, o diálogos penduram-se na impaciência natural de uma criança de 3 anos. Constança dá um beijo à mãe e ela aproxima-se do ecrã. – Constança liga a câmara. – Bom dia, Camila, dormiu bem? – Constança, Constança, vá lá, fala com a mãe. Olha, Constança, já estou no avião! Constança, estás a ver? Constança estou quase a chegar. – Até jáaaaaa, mãe. E desligou. Quanta independência, autonomia, até parece que não lhe faço falta.


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