Na minha vida, há uma linha imaginária que separa o antes e o depois daquele verão quente de 2010.
Nada será igual, nunca mais. Dê o mundo as voltas que der, nunca mais iremos parar ao lugar onde ficamos. E se eu passei estes três anos a desejar [secretamente] que tudo voltasse a ser como dantes, finalmente aceitei [genuinamente] a impossibilidade. E entendi que, talvez, o melhor será eu passar a não querer que seja igual. Sim, é isso, finalmente a clarividência. Fechei o ciclo, terminei o meu luto. Demorei três anos a fazer o processo e a perceber que morrer é só, e apenas, não ser visto.
Então encho-me de ambição, coragem, ilusão, força, determinação, sei lá! de tudo isso, e decido que quero que, a partir de agora, tudo seja melhor. Mais. Mais alegre, mais feliz, mais risonho. Com mais feitos, mais conquistas e concretizações. Mais projectos, mais planos e sonhos, corajosos. Mais membros na família, mais um bebé e outro talvez, para que os netos contem mais do que os dedos de uma mão, assim terá muito mais piada. Mais viagens, mais livros, mais conhecimento do mundo. Mais nós, menos só eu. Mas mais eu e menos os outros. Mais a pé, menos de carro. Mais saúde. E menos coisas talvez, porque o apego às coisas, às vezes, não deixa a dor passar.
Acho mesmo que é isto que devo fazer. E eu sei que ele iria gostar. Se nós estamos bem, ele estará bem. Sempre foi assim. Sempre será.
3 comentários a “a viagem à Grécia [dia 13 – parte 2]”
A melhor maneira de honrar quem partiu é sermos felizes! Bjs
http://www.raparigascomonos.com/2007/10/morrer.html
A MPP é a materialização do fim desse luto. O dia em que decidiste que ele estaria – e estará – em todas as coisas. Em todos os feitos. Porque ele está em ti. 🙂 **