A primeira semana de Dezembro está no fim. Continuamos sem árvore em casa e ainda não risquei um presente sequer da minha [reduzida] lista. Não sei do paradeiro da estrela de luzes que gosto de pendurar à janela da cozinha nem das velas vermelhas que costumam decorar as prateleiras da sala. Há anos que quero comprar um presépio de madeira, por este andar ainda não é desta.
Saímos para aproveitar o domingo, a pé, os três. Provavelmente não voltaremos a ter um domingo assim antes do Natal. A Constança está feliz, ela gosta mesmo destes dias em que andamos a turistar por aí, como se estivéssemos em viagem. Precisamos muito de o fazer mais vezes.
O comércio está aberto. Há espanhóis na rua. Ela dorme no carrinho e nós gozamos este sol de inverno numa esplanada. Trocamos algumas ideias para os presentes de Natal: coisas úteis, com significado, o presente certo para a pessoa certa. Nem sempre é fácil, às vezes dá o dobro do trabalho mas, para mim, só assim faz sentido.
Quase a chegar a casa, toca o telemóvel. A minha sobrinha Teresinha está a fazer a minha irmã passar um mau bocado. Normal. A sua voz acusa um enorme cansaço e eu lembro-me bem de sentir o mesmo. É que ao fim de um mês, a novidade já não suplanta as noites mal dormidas. Altero todos os planos para a tentar ajudar. Ou pelo menos distrair. Recebo a bebé em casa e penso como seria se [ou como será quando] a Constança tiver um irmão. Sinto apreensão.
Estou estafada. Tenho sono. Tive meio fim de semana e precisava dele por inteiro. Apesar disso tenho motivos para me sentir satisfeita. O puzzle está-se a compor e parece-me que, com as ajudas certas, eu vou conseguir resolver o quebra cabeças. Realmente, como diz a outra, “a vida resolve-se sozinha.” Mas é preciso saber esperar.