Escrevo para ti, Constança. Escrevo para não esquecer, para que mais tarde a memória não me traia e que eu me lembre sempre de ti assim, pequena, bebé, minha primeira filha.

Tens quase 2 anos. Continuas a gostar muito de comer, acho que não me lembro do dia em que comeste mal. Falas e cantas muito, gostas particularmente de cantar os parabéns ou a música dos macaquinhos que cozinhavam com o pai pelo skype. Gostas de sair, de andar na rua, de conhecer coisas novas, lugares, pessoas. E eu levo-te para todo o lado.

Na casa da praia, já dormes numa cama grande, de corpo e meio; a cama de ferro que já foi minha e do teu avô Augusto. Adoras o mar, não tens medo algum, mas não gostas muito da areia nos pés. És querida e ao mesmo tempo teimosa, às vezes fazes muitas birras e atiras-te para o chão, qual drama queen. Eu ignoro porque não sei bem o que é melhor fazer.

Vejo que amas de paixão o teu avô Manel e a tua prima, mas perguntas sempre por todos os membros da tua família mais chegada. Há 1 mês atrás, estavamos os três na cama em Basileia, explicamos-te que vais ter uma irmã. Sabes que se chama Camila e que a mana bebé está na barriga da mamã mas ainda não percebes exatamente o que se vai passar.

Já sou tua mãe há 22 meses, mais os quase 10 em que te tive dentro da minha barriga. Daqui a poucos meses serei mãe novamente e receio pelas mudanças, que são muitas, e que vão acontecer no final deste ano. Receio por ti Constança, por mim como tua mãe, mas sei que tudo vai correr bem. Pois vai.