à segunda gravidez, tudo muda


Babyshower_preview26Até às 21 semanas, altura em que a barriga deu um pulo, quase podia dizer que não me sentia grávida. Não que eu não me sentisse, de alma e coração, a gerar um bebé dentro de mim mas a verdade é que, até então, fisicamente, não fossem as insónias [coisa que não tive na primeira gravidez], um pneuzinho extra na zona abdominal, o aumento do peito e as varizes que começaram a aparecer nas minhas pernas, não diria que estava grávida. Fazia a minha vida normal, não tinha enjoos [nunca tive], nem muito sono. Viajei uma e outra vez, andei muito a pé, montei móveis do ikea, tudo bem.

 

Só a meio do 2º trimestre é que a coisa mudou um bocadinho de figura, e pouco: continuava a usar toda a minha roupa [engordei bem menos do que na primeira gravidez] e continuava a sentir-me bem. Para ser honesta, muito raramente parei para pensar no assunto “bebé na minha barriga” – sim, admito, e com algum peso no consciência, que vivi muitas horas do meu dia esquecida de que estava prestes a ser mãe pela segunda vez. E assim me mantive por mais umas 10 semanas: completamente embrenhada no dia-a-dia e nas mil coisas que me ocupam a cabeça.

 

Entre as 30 e as 32 semanas [a menos de 2 meses do parto, portanto] fui três vezes a Lisboa e ainda me meti no avião para passar um fim-de-semana prolongado na Suíça. Sentia-me bem, mas o impacto físico do Mercadito da Carlota foi brutal e, de repente, percebi que estava mesmo grávida e muito grávida. Entrei no consultório do médico preparada para ouvir uma desanda daquelas mas safei-me: mãe rija, filha rija, tudo a rolar, tudo bem. Até que todo aquele cansaço normal de uma gravidez que andava disfarçado pela adrenalina do ritmo dos meus dias me caiu em cima, de repente e de uma vez só.

 

Babyshower_preview30Estou de 34 semanas e desde a última semana para cá, tornou-se óbvio que o dia está a chegar. Tem momentos em que a barriga fica muito dura, principalmente à noite. A Camila mexe-se imenso, dá bem para ver pela roupa e de vez em quando sinto uma pressão no baixo ventre tão grande que parece que vou rebentar. Tenho mais necessidade de estar deitada, ainda que não tenha sono. Quando me levanto, a meio da noite, o corpo demora a reagir. Estou constipada e custa-me a respirar. E depois há a Constança… a Constança.

 

Não se fala muito nisso, mas uma segunda gravidez é mesmo diferente. Pelo menos comigo está a ser, talvez porque passou pouco tempo entre uma e outra ou porque tenho muitas outras coisas em que pensar. Para começar, o entusiasmo com as roupinhas baixa drasticamente, bem como o dinheiro que gastamos com elas. Não abri a enciclopédia uma vez sequer, nem tenho app no telemóvel. Não há comidinha bio e nem tantos cuidados. Nada de sestas. Aqueles momentos de ligação com o bebé de que tanto se fala [e bem] são relegados para segundo plano, ou seja, para os 5 minutos na cama antes de adormecer sempre interrompidos pela outra filha que nos chama e obrigar a levantar… pela terceira vez. O trabalho continua e a bom ritmo. O resto do mundo não liga metade à barriga e eu não ligo metade ao resto do mundo a contar as novidades. Vem aí um bebé, pois vem, mas já não é novidade.

 

Que horror. Escrever isto assim até me faz impressão. Às vezes penso que se não tivesse tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo, seria diferente. Ou não. Depois prometo à Camila pequenina que a vou compensar. Logo a seguir cai-me a ficha e pergunto-me como. E depois penso na Constança… Ontem falava com o Bernardo que está no outro lado do mundo e dizia que, naquele dia em que acreditamos que tudo isto seria possível, talvez estivéssemos loucos. Que fomos utópicos. Que ele faz-me falta aqui. Que não pode chegar em cima da data do parto nem pode ir embora logo a seguir. Que não é suposto. Que não aguento. Queixei-me muito, mesmo sabendo que não fui, não sou, nem serei a única a passar pelo mesmo [ou pior] e que irei, que remédio, aguentar. E depois parei de ter pena de mim própria e fui arrumar a casa e as coisas da Camila.

 

Babyshower_preview282014 está a ser um ano de tantas mudanças e o nascimento da Camila é [não menos importante mas] mais uma. Tudo há-de ter uma solução. E vai correr tudo bem.

 

[imagens do babyshower da Camila, fotografado pela Carina Oliveira, há umas semanas atrás]


8 comentários a “à segunda gravidez, tudo muda”

  1. Olá pela segunda vez…

    É incrível como estamos na mesma situação, estou grávida de 35semanas e o meu marido vem pouco antes do parto, fica para o natal e depois vai embora novamente. Às vezes penso se realmente estávamos bons da cabeça quando chegou o momento de mudar…principalmente eu! que disse que me aguentava bem com um filho de 3anos e grávida de outro. No outro dia quase que me deu um chilique porque estive quase uma hora a tentar montar uma pista de carros, e mentalmente só culpava o meu marido porque era ele que devia estar a fazer aquilo. E ao mesmo tempo pensava: mas agora sou eu que tenho que fazer…são momentos críticos, piores quando penso no meu filhote que não vê o pai à quase 2 meses e meio e que eu precisava tanto de uma massagem nos pés! E depois no meio disto tudo penso no bebé que espero…que do primeiro foi tudo tão diferente…que a situação era outra, mais “normal”… que onde foi parar a minha paciência? Pois estou literalmente sem nenhuma…mas enfim! E depois vemos histórias idênticas à nossa e sentimo-nos um pouquinho melhor por não sermos os únicos…coisa que tento me mentalizar todos os dias.

    Obrigada

    Catarina

  2. desta vez, vou mesmo precisar de uns dias de rotina só para mim, deixar o trabalho uns dias bons antes do parto! O cansaço é realmente diferente!!
    Sem pai, e com a Ma Petite Princesse o desafio deve ser muuuito maior! Mas tenta, não duvido que todas as queridas clientes vão saber esperar 😉
    beijinhos

  3. Para mim também foi assim a minha segunda Gravidez, muito diferente da primeira que correu lindamente.
    Nesta enjoei a gravidez toda, assim sendo não tinha paciência para nada no mesmo fazer enxovalda Bebé

  4. A segunda gravidez é mesmo muito, muito diferente, em tudo. Não é pior, é mais ‘normal’. Às 40 semanas ainda pegava no carro e levava a minha filha à escola e tudo o resto com naturalidade, foi assim até ao dia do nascimento da Simone, e o parto foi espectacular!!!! Por isso:D Força!

  5. Também senti tudo isso na minha segunda gravidez. Pelo choque por não ter sido planeada. Que não pensava o suficiente, que não me estava a ligar, que até me esquecia, que abusava. Até o nome foi escolhido muito mais tarde. Foi tão diferente. Tinha outra filha, de 2 anos, para dar atenção, mimo, colo. Quando a Teresinha nasceu o meu colo de repente chegava para as duas, já não imaginamos a vida sem ela. Tudo se encaixou e por muito caótico que seja por vezes, tudo se resolveu e continuará a resolver naturalmente. Que corra tudo bem. Vai correr.

  6. Ana… tantas vezes penso nisso. Uma segunda gravidez nunca tem a magia da primeira. Deixa de ser novidade, há outra criança a dar atenção. Nas aulas de preparação para o parto, a enfermeira tantas vezes dizia: aproveitem bem a 1ª gravidez. Façam tudo o que têm direito. Numa 2ª vocês são uma incubadora ambulante! 🙂
    Tu estás a experienciar isso, mas também toda uma nova vida. Muita força. Não és a única. Nos momentos em que duvidares da coragem, lembra-te: vamos sempre buscar forças onde parecem não existir. Tudo vai correr vem! 🙂
    Um beijinho.
    Ps – vê este post. E passa-o a quem te for ajudar! 🙂
    http://lovetaza.com/2014/10/the-best-gifts-for-a-new-mama/

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