A ordem das coisas é curiosa. Deus escreve por linhas tortas e eu deduzo que a Sua intenção seja apenas esta: testar a nossa resiliência, a nossa capacidade de sacrifício, a nossa força de trabalho ou fé numa ideia, num conceito, num projeto de vida. Porque querer muito não chega. É preciso fazer e isso dá trabalho. Há que contornar os obstáculos, derrubar as barreiras, retirar ao sono e ao sofá as horas extra que se está em frente ao computador, a matutar num assunto ou a rabiscar ideias num guardanapo de papel. O caminho é bonito mas nunca é fácil: dá um enorme trabalho e rouba uma imensão de tempo.
Por isso muitos desistem, abandonam o barco, partem para outra ou voltam simplesmente para as rotinas dos dias. É que, além do muito trabalho e do pouco tempo, ainda por cima, dá medo! Dúvidas, falta de confiança, a sensação de ter as mãos e os pés atados, incapaz de fazer mais por mim, pelo negócio, pela nossa família, pelo nosso plano de nos juntarmos os 4, em breve. É recorrente. O medo vai e volta, e de tanto retornar, ao fim de algum tempo, passa a ser normal. Tal como ela um dia me disse: Vai correr bem. Vais ver que sim. O que custa mais é decidir e tu já decidiste. — Tenho medo. — Toda a gente tem medo… a diferença está nos que não paralisam de medo.
Então abriu-se uma janela. Entrou luz, mais luz, para o caminho que vou fazendo caminhando, para este meu projeto de coração e os meus olhos sorriem. Primeiro uma conversa informal, depois um diálogo de perguntas e respostas, a seguir um acontecimento inesperado que, sem querer, até tornou tudo mais lógico. Mais óbvio, natural. Confiei na intuição e ela devolveu-me a coragem para enfrentar o futuro com ainda mais entrega, trabalho e vontade de fazer acontecer. Alimenta-me esta empatia, esta afinidade; é mesmo [tudo e sempre] uma questão química. Respiro fundo. 2014 está quase no fim. E a vida a resolver-se sozinha.*
[* esta frase não é minha, é da Catarina, e é perfeita]
[sneak peak do babyshower da Camila, fotografado pela Carina Oliveira, há umas semanas atrás]
2 comentários a “sobre o medo [e a vida que se resolve sozinha]”
Cada vez mais acredito que a vida se resolve sozinha… E é tão bom quando a nossa intuição nos indica caminho e no fim percebemos que era mesmo “isto”. Estou a precisar de umas iluminações dessas, só não sei bem é como lá chegar.
olá ana,
obrigado pela partilha. “encaixou” na perfeição neste meu dia e inspirou-me ainda mais para, continuar, continuar, continuar… nunca desistir! beijinhos