Viemos por quatro dias a Portugal para estar com a família, votar, celebrar um casamento, namorar, resolver pendentes, tratar da saúde e trabalhar. Estar de volta a esta casa, os quatro, é bom e… estranho. Está tudo igual e ao mesmo tempo não está. As camas estão feitas, os brinquedos arrumados na sala, há pouca comida na despensa, apenas o suficiente para desenrascar um lanche para as miúdas, e menos roupa nas gavetas, passada e dobrada, à nossa espera. É como se não estivéssemos fora, emigrantes, mas antes a viver uma vida dupla, entre dois países, duas cidades, duas casas e se este cenário até pode soar perfeito, a verdade é que tem um [dois] único grande senão: sai muito caro e dá muito [o dobro do] trabalho.
Hoje, de partida para o aeroporto, perguntam-me outra vez como é que está a correr, se as miúdas se estão a adaptar, quais os nossos planos de futuro.
Respondo que sempre com um sorriso e muitos sins, mas a verdade é que não sou toda certezas.
As miúdas sentem a mudança? Claro que sentem! Tal como nós, adultos, com a enorme diferença de conseguirmos gerir melhor as emoções. Elas gostam de lá estar? Gostam, se assim não fosse nós saberíamos bem. Então corre tudo sobre rodas? Não, ainda não, quase nunca. A verdade é que, 3 meses depois da nossa primeira ida, ainda nos estamos a adaptar. Todos. Nós, entre cá e lá, a viajar muito em trabalho e a cuidar de tudo sozinhos, andamos extremamente cansados. Elas, com o pai e a mãe ora juntos ora em alternância, não têm rotinas muito seguras e andam emocionalmente instáveis: fazem birras, deixam de comer, voltam a fazer xixi nas cuecas, ganham uma febre do nada, coisas assim.
E no meio de tudo isto, as dúvidas: é aqui que devemos estar? estamos, enquanto pais, a fazer a coisa certa? como devemos reagir se isto ou aquilo acontece? Buf. Não há pais perfeitos, relações perfeitas, vidas perfeitas. Mas há sempre a possibilidade de darmos o nosso melhor e assim navegarmos por períodos felizes e vivermos dias bons. Afastemos os nossos medos, serenemos o coração. Até podemos não ter a certeza do caminho mas sabermos que estamos juntos a percorre-lo, hoje, é suficiente.
[fofo, casaco e touca Grace Baby&Child, agora tudo em saldos * sapatos estilo inglês Knot]
fotografias de Rita P. Braga para Grace Baby&Child
5 comentários a “ir, voltar e as [in]certezas”
Ana, como a compreendo….
O que aprendi após um ano num novo pais, com 2 bebes, longe da familia e dos AMIGOs, é que tudo vale a pena, se estivermos JUNTOS os 4!
comecei a relativizar e a absorver o melhor de todas as EXPERIÊNCIAS. E é como diz, não é fácil e não, nao está maluquinha ? força!!
Temos que viver dia após dia. Nada mais.
http://ourpicturingdays.blogspot.pt/
é isso mesmo 🙂
ana, a ADAPTAÇÃO a um novo pais É demorada. Falo por experiência propria.
Por muito que nos consideremos cidadãos do muNdo, as nossas raizes são fortes. SÃo muitas as emoções a gerir, as saudeDes, a familia e os amigos longE, o aprender novos Habitos e cultUra, a lingua, tantas coisas. Claro que nos Enriquece em quanto pessoa e Nos torna maIs forteS, talvez um pouco mais frios tambem. Dê tempo ao tempo.
Como disse, e bem, o mais importante e estarem Em familia, os quatro.
Boa sorte e deixe passar mAis algum tempo, Vai Ver que esse blue moOd passará!
DaniEla*
obrigada Daniela pelo comentário 🙂 é sempre bom saber que não estou maluquinha porque devia era estar toda contente e… não estou. nem sempre 🙂